quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O início de tudo...

                No início de novembro de 2011, entre amigos no velho apartamento 25, em São Paulo, finalmente decidi: vou sair do banco, vou comprar uma Kombi e viajar por aí. Dias antes, uma cliente, depois de ler umas frases de um dos meus livros, olhou nos meus olhos e perguntou-me, fulminante: o que você está fazendo atrás dessa máquina? Era o que eu precisava ouvir.

                Qual seria o sentido dessa viagem? Não sabia, ou sabia sim, nas entrelinhas do meu interior. Escrevo e faço músicas, obviamente isso iria junto. Que a viagem daria um bom livro para escrever, também não tinha dúvidas, apesar de que eu não sabia sobre o que eu iria falar... Sabia apenas que iria parir um livro. E, no outro dia, fui trabalhar sorrindo, como há muitos meses eu já não fazia.

                Fui na sala da gerente geral, que estava teclando algo em seu notebook, analisando os números gigantes que subiam e desciam, e falei:
                - Preciso falar com você.
                Sem tirar os olhos da tela do computador, ela me disse:
                - Pode falar.
                - Vou sair do banco.
                No mesmo instante, tão repentino quanto uma notícia trágica é capaz de parar tudo ao redor, ela olhou para mim, com os olhos maiores que o normal, com uma cara de espanto e perguntou-me:
                - Por quê? Está acontecendo alguma coisa?
                - Eu apenas quero sair do banco.
                - Tem certeza? Não quer adiantar suas férias para você descansar, pensar melhor?
                - Não. Eu quero sair do banco.
                - Não quer que eu veja uma vaga em Sergipe, para você ficar perto de sua família e poder decidir melhor?
                - Veja bem: você pode me oferecer uma casa própria, com o carro do ano na garagem, um milhão de reais na minha conta e o melhor cargo dessa empresa... Eu quero sair do banco.
                - Bom... Se é assim, tudo bem. E vai fazer o que? Já sabe?
                - Vou comprar uma Kombi e viajar por aí... Vou ser quem eu sou, cansei de ser robô.
               
                Obviamente, mais espanto.

                Na segunda-feira, todos os gerentes participam de uma reunião e eu, que não era gerente, chegava mais tarde na agência. Quando cheguei, de vez em quando, um ou outro gerente vinha falar comigo. Eu tinha sido citado na reunião, que ia deixar o banco para correr atrás de um sonho e que isso servisse de exemplo. Uns me deram os parabéns, outros apenas comentaram comigo, outros me chamaram de louco. Exatamente o que eu esperava que fosse comentado. E assim, para concluir, assinei meu pedido de demissão. O coração batia forte, fazia tempo que eu não sentia uma emoção daquelas... No vai e vem estressante de todos os dias, não há espaço para essas coisas, e é o que minha alma mais me pede nessa vida.... Implora!!!



Ao Banco...

            Eu, Ivan Costa, RG ..., CPF ..., Matrícula..., venho, através desta, apresentar meu pedido de demissão.

Sem mais

11 de janeiro de 2012





                O que tenho para fazer nesse mundo, não é possível estando trancando numa sala que nem a rua dava para eu ver. Que venham agora os próximos obstáculos... Já estou calejado o suficiente para eles, inclusive, para os novos calos que aparecerão... Eu só quero uma coisa nessa vida: viver. E só mais um detalhe: isso não é um sonho. É, apenas, a minha realidade. Por isso, troquei a tela do meu computador pelo pára-brisa de minha Clarice... Que venham as curvas, os buracos, as chuvas, a neblina, as serras, as subidas e as descidas... Clarice e eu vamos passar, com a nossa poesia transbordando em nossos corpos...








----------


À venda nas livrarias ou pela internet:





Brasil...










 



 

sábado, 25 de janeiro de 2014

Aos olhos dos outros,
meu caminho mais parece uma simples aventura

Não é, exatamente, aventura que procuro

Elas são apenas degraus,
inevitáveis,
que preciso tocar com meus pés,
para subir ao céu...

O meu céu

A escola da vida,
profundamente sentida,
é que é, por si só,
aventurosa

Não procuro diversões,
gratuitamente,
como pode parecer,
aos olhos dos outros

Estou, apenas, procurando a mim mesmo

É que nessa escola,
são bem mais divertidas,
a hora do recreio...

E isso pode confundir

E nem tudo é diversão,
como pode parecer,
aos olhos dos outros

Existem as provas,
como todas as escolas...

As provações

Não raro,
momentos de angústia,
e medos infantis...

Mas não é preciso provar nada para ninguém,
diretores e professores,
nem para qualquer outra pessoa,
a não ser,
para si mesmo



Não existem séries, períodos, semestres...
E nenhum professor te esperará dentro da sala de aula,
com hora marcada

É tato, instinto, intuição...
Não existem cronogramas

Os professores,
espalhados por aí,
não esperam ninguém

Apenas são

E não são reconhecidos pelo MEC

E para quem espera diplomas,
lamento,
mas morrerá esperando...
.
.
.
Toda e qualquer aventura,
tudo que eu faço,
é só mais um passo,
é o que eu tenho que passar,
para voar,
para dentro de mim mesmo

Não é turismo,
como pode parecer,
aos olhos dos outros


É pura sede de viver


É pura sede de ir lá no fundo...


E me conhecer...






Ou me reconhecer